A vida como um bordado

Quando criança, já quase adolescente, aprendi a bordar. Era o ponto de cruz. Não lembro exatamente como aprendi, só sei que nessa fase vivi com um emaranhado de fios. Acho que levava mais tempo arrumando tudo do que bordando de fato. Nessa época os dias passavam devagar. Não segui por muito tempo como bordadeira, mas consegui terminar alguns trabalhos. Gostava de mostrar para as pessoas. Era bom ouvir do outro que meu bordado estava bonito, mas me orgulhava mesmo quando alguém, um pouco mais experiente na área virava o bordado e constatava que meu avesso estava perfeito.

Nem sei quantos anos se passaram desde então, mas com certeza hoje algo mudou. Acho que, pelo menos assim espero, parei de querer ter um avesso perfeito. Claro que dá muito mais trabalho aceitar nossos avessos como são. Se autorizar a isso leva tempo, mas permite que possamos fazer cada ponto com uma leveza antes não experimentada.

Se eu voltarei a bordar? Quem sabe um dia. Deixo isso na minha lista de possíveis atividades a serem feitas quando os dias voltarem a passar bem devagarinho. E imagino que possa ser em breve. Afinal, o que será que venho fazendo com meu tempo?

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